domingo, 20 de janeiro de 2013

Motoradio: Outra grande empresa da Vila Anastácio




Motoradio do Brasil que ficava na Vila Anastácio foi o primeiro fabricante brasileiro de auto-rádios
( Ficava na Rua Fortunato Ferraz onde hoje é a empresa Camil )



Motorádio foi fundada em 1942 pelo imigrante japonês Hiroshi Urushima em São Paulo.


No ano de 1963 cuja principal atividade foi a fabricação de auto-rádios, foi o primeiro fabricante brasileiro destes aparelhos.
Na década de 1960 e 70, o melhor jogador de uma partida de futebol era premiado por um Motorádio pela TV Tupi.
De 1970 a 1978 manteve com a poderosa Sony uma associação (Sony-Motorádio), por meio da qual a empresa brasileira fabricava radiogravadores, aparelhos de som e televisores vendidos pela Sony. Foi o melhor periodo em vendas.

Na década de 80, teve um período negativo com a perda da liderança no mercado, por ainda comercializar produtos ultrapassados quando comparados com os principais concorrentes na época. Era o começo do fim.

No inicio da década de 1990, a massa falida da Motorádio foi adquirida pela empresa Audiomótor Comercial e Industrial Ltda. que utiliza a marca Motobras, sendo hoje um grande fabricante de rádios portáteis e auto rádios, a maioria com Ondas Curtas.


A fábrica está atualmente situada na cidade de Brasópolis, MG.


























O pioneirismo da Motoradio

Hiroshi Urushima, 63 anos, chegou ao Brasil em 1936 com os pais e sete irmãos. “Meu pai era comerciante e não agüentou o trabalho na enxada, morreu logo no início”, recorda Urushima. “Eu e meus irmãos também não gostávamos de lavoura e fomos arranjando empregos na cidade. Com 14 anos, em 1938, eu comecei a trabalhar como auxiliar de um alemão que consertava rádios no bairro de Pinheiros, em São Paulo”, resume o fundador e presidente da Motorádio, empresa de 2 500 empregados, com três fábricas no Brasil.Coroada no ano passado com a Ordem do Mérito do Trabalho (”Sempre fui operário, nunca tirei férias”, diz ele com orgulho), a carreira industrial de Urushima no setor eletroeletrônico foi construída a partir de seu próprio empenho em aprender. “Eu aprendi muita coisa nos cinco anos em que trabalhei na oficina do alemão Willy”, lembra ele. “Mas foi lendo livros japoneses sobre eletrônica que dominei o ofício”, reconhece Urushima, que guarda como símbolo do duro começo o primeiro rádio de automóvel, pré-histórico equipamento de 5 quilos, que fabricou com peças avulsas em 1940, época em que, segundo ele, “o Brasil exportava um navio de café para importar meia dúzia de automóveis”.
Durante a guerra, Urushima ganhou dinheiro fabricando transformadores para empresas e potentes receptores de rádio encomendados por imigrantes que só se preocupavam em ouvir notícias diretas do Japão. Sua obsessão por fabricar auto-rádios, motivo de zombaria na década de 40, permitiu-lhe ser o primeiro fabricante brasileiro desse produto. Antes mesmo da implantação da indústria automobilística no país, por volta de 1954, Urushima começou a fornecer rádios em série para a Mesbla, que os revendia como opcionais dos veículos Chevrolet importados dos Estados Unidos. Mesmo depois da organização da Motorádio, em 1963, Urushima ainda continuou por vários anos funcionando como o cérebro da empresa. Alguns anos mais tarde, quando a concorrência se tornou mais acirrada no mercado, ele transferiu de casa para a fábrica uma estante com 440 livros japoneses - “a fonte do progresso da Motorádio”, como faz questão de afirmar - e contratou engenheiros do Japão para “chupar” tecnologia, sem pagar royalties.

                             Motoradio 1966 - Propaganda da época
De 1970 a 1978, com a mesma intenção, Urushima manteve com a poderosa Sony uma associação (Sony-Motorádio), por meio da qual a empresa brasileira fabricava radiogravadores, aparelhos de som e televisores vendidos pela Sony. Para não ser engolido pelo sócio, Urushima desfez a associação ao sentir que já tinha absorvido um grau de conhecimento tecnológico suficiente para andar sozinho.
Nem por isso ele perdeu a amizade e a admiração do fundador e presidente da Sony, Akio Morita. Durante uma visita às instalações da Motorádio em São Paulo, há vários anos, Morita disse a Urushima: “Se você tivesse ficado no Japão, teria construído uma empresa maior do que a minha”. Foi um dos maiores elogios já recebidos pelo fundador da Motorádio.
Apesar do pioneirismo e da luta selvagem para não perder o passo na corrida tecnológica, a Motorádio foi amplamente ultrapassada no mercado da linha automotiva pela alemã Bosch e pela norte-americana Philco. Mas o estilo de seu fundador não permitiu que a empresa sucumbisse ante seus poderosos concorrentes multinacionais. Urushima lançou-se de tal forma à verticalização e à diversificação que, embora mantenha o nome, já não são os rádios para carros que respondem pela maior parte do faturamento da Motorádio (1,7 bilhão de cruzados em 1987).
Tendo reduzido seu pessoal de 4 000 para 2 000 entre 1982 e 1985, a empresa fabrica hoje 23 produtos diferentes, fornece 5 milhões de peças mensais para terceiros e até se firmou no setor de móveis, a partir de uma marcenaria implantada para produzir caixas de alto-falantes. Com capital do BNDES e ações nas Bolsas de Valores, a Motorádio se prepara para lançar não só novos rádios mas também fornos de microondas e aparelhos fac-símile. “Eu vou agüentar até o fim com a Motorádio”, avisa Urushima, que tem três dos quatro filhos trabalhando na empresa.


Outros links interessantes



Curiosidades 

A História do som automotivo


http://no.comunidades.net/sites/car/carsound/index.php?pagina=1438207612

http://carrosantigoseonibus.nafoto.net/photo20121008064311.html



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quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Fundador do PT e idealizador da logomarca do Partido morou na Vila Anastácio, rua Camacan.


Julinho, como era conhecido , foi o associado nº 4 e primeiro secretário geral do Núcleo Central do PT, no Centro de São Bernardo do Campo, foi um dos responsáveis pela criação da logomarca do Partido dos Trabalhadores.





BIOGRAFIA de Julinho, o Demerval Júlio de Grammont

Demerval Júlio de Grammont nasceu em Botucatu, em 12 de abril de 1952, e mudou-se com a família para a Vila Anastácio bairro da zona oeste da capital de São Paulo ( precisamente na rua Camacan) , na idade pré-escolar.

Filho da compositora Elena Rodrigues de Grammont e do topógrafo Walfrido de Grammont, Júlio foi o sexto de 11 filhos.
Aos 19 anos, quando fazia o serviço militar (1971), foi preso, como subversivo, pelas forças da repressão. Passou 11 meses nas instalações da Operação Bandeirantes, e no presídio Tiradentes.

Ao sair da prisão, cursou Jornalismo na Faculdade Cásper Líbero.

Uma das maiores referências da imprensa sindical brasileira: Julinho foi repórter da TV Bandeirantes, e da editoria de Economia da Folha de São Paulo, de onde foi demitido, em 1979, depois da greve geral dos jornalistas. Foi um dos fundadores do ABCD Jornal, veículo alternativo, que durante a greve dos metalúrgicos do ABC (1979), chegou a ter tiragem de 130 mil exemplares, em substituição à Tribuna Metalúrgica, impedida de circular por causa de intervenção no sindicato. Foi editor da Folha Bancária e do jornal do Fundo de Greve dos metalúrgicos.


Um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT) - foi o associado nº 4 e primeiro secretáriogeral do Núcleo Central do PT, no Centro de São Bernardo do Campo - Julinho foi um dos responsáveis pela criação da logomarca do Partido dos Trabalhadores, durante um encontro em um bar de São Bernardo.
Julinho foi assessor de imprensa do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, da Prefeitura de Diadema e, de Lula, na campanha presidencial de 1998.
Morreu no dia 26 de novembro de 1998, aos 46 anos, vítima de um acidente de carro, na Via Anchieta, quando ia para a sua casa, no Riacho Grande. Deixou três filhos: Lua Reis de Grammont, de 26 anos, Ana Terra Reis de Grammont, de 25 anos (com a jornalista Leila Reis), e Júlio Sol Rubin Celis de Grammont, de 21 anos (com a dentista Yarmila Rubin de Celis).



diretoria do sindicato dos bancarioa cassada em 1983







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Leia com mais detalhes como foi idealizada a Bandeira e a estrela do PT


Porém, como todo partido, a nova sigla exigiu um símbolo que a identificasse.


Júlio de Grammont (Secretário-geral do PT à época) conta, em artigo publicado no boletim Linha Direta nº 258 (março de 1996), que a estrela nasceu numa mesa de bar, em São Bernardo do Campo. O motivo da reunião era criar uma bandeira para o Partido que seria utilizada na caminhada contra a LSN (Lei de Segurança Nacional), na Vila Euclides. Estavam reunidos ele, Mário Serapicos e Augusto Portugal que discutiam a idéia sobre uma bandeira vermelha, branca e preta em homenagem ao time do São Paulo: “dos três, eu e Augusto éramos torcedores do São Paulo. Mário perdeu, mas em compensação queria que ao centro da bandeira aparecessem a foice e o martelo”. Júlio de Grammont propôs então uma estrela branca, no centro da bandeira. “Coisa de veado, alguém disse. Quando expliquei que tinha lido num daqueles livros sebosos que circulavam no presídio Tiradentes, em 1971, que a estrela era o símbolo da juventude comunista da Albânia (vejam só!) todos toparam”, recorda.


O desenho da estrela, originalmente de contornos retos, coube a Hélio Vargas (já falecido), ilustrador do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Júlio de Grammont conta que, ao ser perguntado pelo ilustrador do porquê das cinco pontas da estrela e não quatro, respondeu:

“Se tivesse três pontas, lembraria a Mercedes Benz. Se tivesse quatro, lembraria os brinquedos Estrela. Se tivesse seis, lembraria os judeus. Mas com cinco, lembra Lampião, Che Guevara, Juventude”.
Posteriormente, a cor preta foi retirada da bandeira por sugestão de Frei Betto, pois “lembrava a bandeira sandinista”.

Restaram as cores vermelha e branca como referências à luta e à paz, na acepção do frei.


Outras versões surgiram sobre os motivos que levaram à escolha da estrela vermelha como símbolo do PT. Júlio de Grammont, neste mesmo artigo em que conta a história da estrela, cita algumas delas:


“Uma delas virou manchete de jornais, quando Lula, tentando explicar o vermelho, teria feito uma analogia com o sangue de Cristo. (...) Ou então, que a estrela nasceu, quando, um operário olhou para o céu do ABC e viu uma estrela com um brilho diferente, como que indicando um caminho. Pode ser também. O Zé acha que viu o Perseu fazendo seus primeiros contornos. Quem sabe? ”(Boletim Linha Direta, 1996)


O leque de interpretações também é amplo com relação aos múltiplos significados da estrela inserida no contexto de legenda propriamente dita, o que é próprio dos símbolos pluridimensionais. Não esquecendo evidentemente que as interpretações podem variar de acordo com a cultura, com o saber político de cada indivíduo e a atmosfera política de determinado tempo. Uma livre interpretação de trechos referentes ao Manifesto de fundação do Partido, por exemplo, pode sugerir algumas associações entre a estrela e os militantes petistas.


Dentre elas pode-se dizer que a estrela vermelha representaria o militante aguerrido, vigoroso em sua disposição para a transformação da sociedade.

Quando unidos pelo ideário partidário, cada militante constituiria então o exército de estrelas, em alusão à simbologia da constelação na qual as estrelas integrariam o exército que luta contra as trevas.
Alguns trechos do Manifesto subsidiam a reflexão acerca da simbologia da estrela petista.

Fontes:


 
http://www.saobernardo.sp.gov.br/dados1/nm/nm%201534.pdf

VEJA E A ESTRELA PETISTA: APROPRIAÇÕES E SENTIDOS


[
http://www.compolitica.org/home/wp-content/uploads/2011/01/tania_almeida.pdf]

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Mais sobre Julinho de Grammont


São Paulo, março de 1979. Uma nova diretoria assume o Sindicato dos Bancários, movimento que o devolve à categoria e ajudaria a mudar o país


[
http://www1.spbancarios.com.br/rdbmateria.asp?c=340]

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Agitadores trotsquistas planejavam "tomar a Sofunge e depois o poder"

Após uma semana de investigação agentes do DOPS detiveram na Indústria Metalúrgica SOFUNGE, na rua Camacam 210 em Vila Anastácio (zona oeste da cidade de São Paulo) quatro agitadores identificados pela polícia como trotsquistas que instigavam os operários da indústria a se organizarem para "no nomento oportuno tomar a fábrica e posteriormente o poder".
Dentre o grupo, preso em flagrante, haviam estudantes da Faculdade de  Filosofia Ciências e Letras e do Curso de Ciências Sociais da USP e um polonês agitador comunista.
Com eles a policia apreendeu inúmeros panfletos expondo os ideais do Partido Operário Revolucionário de inspiração trotsquista, além de planificação  do trabalho  que o grupo deveria realizar na SOFUNGE, que na época reunia 3.800 operários.


Noticia do Jornal A Folha de São Paulo de 17 01 1963


A Folha de São Paulo, 17 01 1963
A Folha de São Paulo, 17 01 1963
Jornal  a Folha de São Paulo de 17 01 1963

Jornal  a Folha de São Paulo de 17 01 1963
Jornal  a Folha de São Paulo de 17 01 1963



sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Foto aérea do braço do rio Tietê em Vila Anastácio nos anos 50

Foto aérea da ponte ferroviária na Vila Anastácio na década de 50

De Fotos Antigas da Vila Anastácio até os anos 50
Foto de Ivo Justino
(Casa da Imagem do Museu da cidade de São Paulo )

De Fotos Antigas da Vila Anastácio até os anos 50
Foto de Ivo Justino
(Casa da Imagem do Museu da cidade de São Paulo )

Ponte ferroviária em Vila Anastácio, próximo à Avenida Raimundo Pereira de Magalhães,  ao centro empresarial ESPACE CENTER , ARMAZÉNS GERAIS 05 IRMÃOS LTDA e da escola estadual Alexandre Von Humboldt , na zona oeste da cidade de São Paulo.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Salão lituano de Vila Anastácio foi demolido



Clube dos lituanos de Vila Anastácio (anos 60/70)
Esta semana, o clube dos lituanos, foi derrubado. Provavelmente para dar lugar a um galpão; coisa rotineira aqui em Vila Anastácio, bairro da zona oeste da cidade de São Paulo. Esse clube, na verdade era uma escola, cujo nome era Dr. Jonas Basawaviciaus ( Basanavicius ); Era uma dentre as cinco que foram construídas lá pelos anos 30 do século passado por uma entidade denominada "Aliança Lituano-Brasileira de Beneficência e Assistência Social". Essa escola, assim como as outras escolas lituanas, tornaram-se também centros de atividades culturais para exposições, eventos esportivos, bailes e festas. Daí, o fato dela ser identificada como clube dos lituanos ou ainda, salão lituano; principalmente pelos moradores da região.
  


Clube lituano Dr. Jonas Basawaviciaus ( Basanavicius ) de Vila Anastácio em 21 09 2011,
dias antes de sua demolição  -  foto de Alexandre Fejes Neto
 


Clube lituano Dr. Jonas Basawaviciaus ( Basanavicius )
de Vila Anastácio em 21 09 2011 ( foto de Alexandre Fejes Neto)
 





Clube lituano Dr. Jonas Basawaviciaus ( Basanavicius )
de Vila Anastácio  Lietuviu Kulturos  ( foto de Alexandre Fejes Neto)
  




Clube lituano Dr. Jonas Basawaviciaus ( Basanavicius ) de Vila Anastácio 
(foto de Alexandre Fejes Neto)
 


Demolição do Clube lituano Dr. Jonas Basawaviciaus ( Basanavicius ) de Vila Anastácio
( foto de Alexandre Fejes Neto)
  
 


Clube lituano Dr. Jonas Basawaviciaus ( Basanavicius ) de Vila Anastácio



 
Leia mais sobre os lituanos e a imigração lituana na cidade de São Paulo e no Brasil: neste interessante site sobre a cultura lituana:
RAMBYNAS: Grupo de danças folclóricas lituanas








 Clube lituano de Vila Anastácio, bairro zona oeste da cidade de São Paulo Dr. Jonas Basawaviciaus ( Basanavicius )



Clube lituano  Dr. Jonas Basawaviciaus ( Basanavicius )
 Vila Anastácio,  cidade de São Paulo




  

terça-feira, 13 de setembro de 2011

José Mojica Marins, o Zé do Caixão morou na Vila Anastácio

1938 - 1950: Vila Anastácio
Trecho de: Maldito – A Vida e o Cinema de José Mojica Marins, o Zé do Caixão
(André Barcinski e Ivan Finotti; Editora 34; 448 páginas) 

Aos 11 anos, ele ganhou de seu pai uma máquina fotográfica e criou uma espécie de cineminha de terror, inspirado no famoso "Bat-sinal" de Batman. O truque era simples: ele tirava fotos com filme preto-e-branco, mandava revelar o filme e colava os negativos na boca de uma lanterna de mão. Depois ia para algum lugar escuro e projetava a luz da lanterna numa parede branca, o que dava às imagens uma aparência fantasmagórica. Quando não havia sessão no Santo Estevão [na rua Martinho de Campos na Vila Anastácio bairro da zona oeste da cidade de São Paulo ], Antônio deixava o filho projetar as imagens na telona do cinema
(...)
Cine Sto Estevão
de Vila Anastácio
 Não demorou para Mojica cansar-se do teatrinho mambembe que fazia com os colegas. Já se julgava um adulto. Como prova de maturidade e macheza, começou a fumar cigarros de folha de chuchu, verdadeiros mata-ratos que ele tragava numa rodinha com os amigos. Folheando uma revista certo dia, Mojica descobriu seu novo sonho de consumo: uma câmera 8 milímetros. Ele tanto insistiu com seu pai que acabou ganhando uma câmera como presente de aniversário de 12 anos. Depois disso, mal parava em casa: eram dias inteiros brincando com a máquina, ao lado de João Português, Abdul e Dinho.




Os primeiros experimentos da turma não passavam de brincadeiras de criança: filmavam o bairro, suas famílias, os vizinhos e colegas. Mojica conseguiu um projetor emprestado e exibiu seus primeiros filmes caseiros num lençol estendido em um varal no porão do cinema. Ele lembra do exato instante em que viu pela primeira vez uma de suas cenas - a fachada do Cine Santo Estevão – projetada na tela improvisada. Foi o dia mais feliz de sua vida.

A turma passou quase três anos-usando a câmera diariamente. Pouco a pouco, seus experimentos foram se tornando mais complexos. Eles ainda não tinham muita preocupação com enredo ou continuidade, mas já haviam começado a filmar cenas esparsas de brigas e perseguições. Mojica era o mais esperto do bando e foi o primeiro a descobrir os conceitos elementares de montagem. Sem dispor de um sistema de edição, ele percebeu que poderia criar seqüências de ação na própria câmera, simplesmente filmando as cenas em ordem e trocando sempre o ângulo de visão.

Assim, para filmar uma cena de briga, ele se postava atrás de um dos atores e mandava que este desse um soco em seu colega. Depois trocava o ponto de vista, filmando nas costas do sujeito que havia levado o murro. Quando projetavam o filme, a seqüência parecia fluida e cheia de movimento (infelizmente, todo esse material, filmado entre os anos de 1948 e 1950, se perdeu).

Seus filmes eram retocados à mão para que os efeitos imaginados por ele se tornassem possíveis.
O primeiro experimento da turma a merecer o nome de "filme" – ou seja, o primeiro a ter um enredo com começo, meio e fim – foi o curta-metragerri 0 Juízo Final, rodado em 1949, quando Mojica tinha apenas 13 anos. O filme contava a história de um ataque de naves espaciais à Terra. Para fazer as naves – que tinham formato de caixão de defunto – Mojica usou novamente o recurso do "Bat-sinal", colando na boca de uma lanterna uma cartolina vazada com um buraco em for ma de caixão e projetando o facho de luz numa parede. Antônio, um tremendo pai-coruja, achou o filme uma obra-prima e deixou que eles o projetassem na tela do Santo Estevão [o pai de Mojica, Antônio, era gerente do cinema Santo Estevão no bairro de Vila Anastácio, na rua Martinho de Campos, que foi posteriormente demolido para dar lugar ao estacionamento do banco Bradesco   ]. 
Igreja e cinema Sto Estevão de Vila Anastácio onde tudo começou
na vida de José Mojica Marins , o Zé do Caixão





          Foto  da igreja e do cinema Santo Estevão extráida do site Núcleo de Memória

 Leia mais sobre o Zé do Caixão